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DELEGADO - Ruberlei Rocha destaca os serviços prestados
pelo Conselho Regional de Contabilidade - |
O
delegado regional do CRC (Conselho Regional de Contabilidade), Ruberlei Rocha
Machado, 41, é o entrevistado do Jornal Diário deste domingo (22).
Formado
em contabilidade ele atua como dirigente do órgão regional desde 2009.
Anteriormente ele atuou no Centro de Estudos sobre Contabilidade, depois como
presidente do Sindicato dos Contabilistas de Marília e após no Sescon
(Sindicato das Empresas de Serviços Contábeis e das Empresas de Assessoramento,
Perícias, Informações e Pesquisas).
Nascido
em Assis ele está em Marília há 32 anos. É casado com Simone com quem teve
quatro filhos. Durante a entrevista, o delegado regional fala das novidades
para os contabilistas em 2014, principalmente em relação a folha de pagamento.
Machado também destaca os serviços prestados pelo conselho aos contadores. Além
de ressaltar a importância do Exame de Suficiência utilizado para habilitar o
bacharel para solicitar o registro da profissão. O contador também comenta
sobre as constantes fiscalizações realizadas nos escritórios para evitar
irregularidades.
O
delegado frisa ainda a necessidade da maior valorização e reconhecimento do
profissional na sociedade. No Diário Entrevista ele aborda também seu parecer
sobre as constantes modificações no código tributário e necessidade de
atualização frequente dos profissionais da categoria.
Qual
a função do delegado regional do CRC?
O
delegado representa o presidente e a instituição. Na ausência do presidente ou
do vice-presidente o delegado atua nesta posição. O nosso presidente atual é
Luiz Fernando Nóbrega, de Bauru, que encerra o mandato em 31 de dezembro. No
estado são 18 regionais.
Qual
tem sido o principal desafio do setor?
É a
busca pela valorização profissional. Nós pretendemos colocar o contabilista em
destaque e que o profissional passe para a sociedade uma confiança e ainda que
a comunidade utilize os serviços para
prover e fazer com que o seus negócios cresçam e prosperem. Enfim que o setor
não seja visto pela sociedade como mais uma obrigação e custo, mas sim levar em
conta a riqueza da informação e o conhecimento que nós temos para contribuir
com a classe empresarial como um todo e devolver isto para a população.
Quais
as conquistas para a categoria durante este ano?
2013
foi eleito pelo CFC (Conselho Federal de Contabilidade) como o Ano Nacional de
Contabilidade. Então é desenvolvido um trabalho árduo com a busca nas câmaras
municipais para dar esta notoriedade ao profissional contábil. Também é
realizada em alguns meios de comunicação campanhas institucionais, por exemplo,
há uma propaganda no SBT que fala sobre a importância da categoria.
É
importante esclarecer para a sociedade e nosso administrado que tudo isso é
feito por meio de parcerias, pois o Conselho não pode gastar o dinheiro que não
seja em prol da profissão. O Conselho tem um orçamento, mas só pode ter
despesas com o registro de profissionais, fiscalização e desenvolvimento do
segmento.
Com
o Ano Nacional de Contabilidade esperamos que tenhamos em uma novela, por
exemplo, falas positivas sobre o profissional da área, já que muitas vezes
vemos exemplos repetidos de que o contador é sempre aquela pessoa que dá aquele
jeitinho. Isto nós criticamos, pois sabemos que existem maus profissionais como
todos os segmentos, mas brigamos para valorizar o bom que se dedica, estuda e
corre atrás, ou seja, a grande maioria, para que não ocorra um nivelamento por
baixo.
Recentemente
uma grande emissora teve que se retratar por mostrar em uma novela um cerco
fiscal e policial em que se dizia ter sido encontrada a contabilidade dos
bandidos. Entretanto, isso não pode ser comparado com a contabilidade, pois
denigre a profissão, então nós lutamos pela valorização. Isto porque a
profissão contábil está entre as quatro escolhidas quando se pensa em se fazer
um curso superior no Brasil. No exterior a profissão também é uma das mais
solicitadas. Desta forma com a globalização e o dinheiro mudando de mãos a toda
hora, nós com certeza teremos maior evidência da categoria. Com muitas empresas
vindo para o Brasil e vice-versa são necessários profissionais bem preparados.
Qual
a orientação para os empresários neste final de ano e início de 2014?
Primeiramente
para aqueles com dívidas com o fisco federal ou prefeitura existem os programas
de parcelamento especiais em aberto. Por isso é importante o diálogo com o
contador para avaliação das condições para uma eventual negociação. Após é o
momento de escolher o modelo tributário para 2014. São eles o Simples Nacional,
Lucro Presumido e Lucro Real, desta forma o empresário escolhe os caminhos. Eu
diria que todos são obrigados em geral ao real, mas a lei diz que se você está
em determinada situação pode ter um tratamento diferenciado no Simples ou no
Presumido, mas isto não quer dizer que seja o melhor, por isso é o momento de
conversar com o contador e analisar o planejamento tributário. O benefício não
está no modelo, mas sim na análise do lucro e perda de dinheiro pela empresa
para que isso possa ser otimizado.
E
por fim que todos os empresários se preparem para o E-Social a ser iniciado em
abril de 2014. O programa relativo a folha de pagamento será iniciado com as
grandes empresas e depois haverá um escalonamento até ser válido para todos. O
governo, Previdência, Receita Federal e Ministério do Trabalho têm acesso às
informações, mas a partir do próximo ano isto terá de ser feito em tempo real.
Por isso o empregador deve gerar a massa de dados no sistema para a Receita
Federal processar a folha de pagamento no ambiente virtual, confessar o que
deve eventualmente e todos estes órgãos vão buscar estas informações nos site
www.esocial.gov.br.
Quais
os planos da entidade para 2014?
O
próximo ano será importantíssimo para a profissão por ser um momento de
consolidação do IFRS da contabilidade que seria a adoção para as demonstrações
contábeis de 2013. Isto na verdade é utilização de normas internacionais no
setor, não importando se a empresa é micro, pequena ou média, a contabilidade
deve estar alinhada a este padrão.
Outra
grande campanha mundial é que foi eleito 2014 o Ano Mundial da Contabilidade,
com isso acreditamos que se falando e mostrando os benefícios oferecidos pela
profissão cada vez mais as pessoas vão confiar na pessoa e informações
divulgadas pelo contador.
Qual
o número de administrados pelo Conselho? Quais os serviços prestados?
O
Conselho realiza toda a parte de registro profissional e fiscalização. Além do
primordial que é a questão do desenvolvimento profissional. No ano passam por
atividades 40 mil profissionais. São oferecidos seminários, palestras, oficinas
técnicas, a questão do auto-estudo no portal do conselho em que a pessoa pode a
qualquer hora por meio do site www.crc.sp.org.br fazer uma pesquisa e provas.
Enfim são muitas ferramentas para a capacitação e tudo isso gratuitamente para
o administrado. Também há o canal CRC SP em que são encontradas notícias do conselho
e programas específicos.
Então
o Conselho coloca isso a disposição do administrado, acredito que o
desenvolvimento profissional seja um dos grandes ganchos de benefícios
prestados ao contador. A intenção é
sempre maior proximidade entre o Conselho e o administrado. Posso dizer que nós
somos uma das categorias mais organizadas deste país, chegamos a meio milhão de
profissionais.
Em
Marília o conselho funciona na rua Pedro de Toledo, 816. As delegacias do
Conselho Regional são localizadas no escritório do delegado. Tudo que a pessoa
precisar como protocolo, pedido de segunda via e outros serviços são oferecidos
neste local. O telefone para apresentar denúncias e solicitar outros serviços é
3413- 4262.
Como
é realizada fiscalização na cidade?
Compete
ao conselho fiscalizar todo o exercício da profissão. O objetivo da
fiscalização também é proteger o bom profissional e ainda servir a sociedade,
se há uma empresa que foi prejudicada por um profissional esta pode procurar o
Conselho e formalizar a denúncia que o órgão vai verificar a conduta deste
profissional, se realmente ele estiver praticando algo irregular perante as
normas da nossa profissão, ele será penalizado, inclusive com multas e cassação
de registro, sendo impedido de exercer os trabalhos. Caso a pessoa não tenha o
registro os serviços não podem ser prestados e a assinatura nas demonstrações
contábeis não têm valor nenhum.
Este
ano especificamente Marília e região passaram pelo programa de fiscalização
exercido pelos conselhos estaduais e federais. No estado somos em 17 mil
organizações contábeis e foram três anos para fiscalização de todas. Este ano
em Marília foram fiscalizados os 180 escritórios.
Os
resultados serão divulgados no início do próximo ano. Geralmente durante a
fiscalização são averiguados itens como a contratação correta dos funcionários
e a execução regular da contabilidade. Isto porque muitos empresários do ramo
acabam entregando apenas a parte fiscal, isto está errado. Outra fiscalização
muito comum é nas atividades que obrigatoriamente têm de ser exercidas por
bacharéis em ciências contábeis e técnicos em contabilidade e ainda temos
leigos atuando no setor. Cada caso será avaliado e haverá autuação se for o
caso. Existe também a questão da percepção de rendimentos, você vai até um
banco e quer a prova de renda, quem pode fazer isso é o contador por meio de um
documento chamado decore e nós só podemos fazer sobre o que está lastreado pela
contabilidade, por isso o Conselho penaliza aquele profissional que emite a
declaração diferente da realidade. Neste caso o empresário também está sujeito
a multa que passa de R$ 20 mil.
Qual
a importância do Exame de Suficiência?
Para
ingressar na profissão é necessário fazer o exame de suficiência e ser aprovado
e desta forma estará apto a se inscrever no Conselho. O exame começou por volta
de 2000, mas por um tempo foi suspenso por questões judiciais voltando a ser
aplicado há três anos.
A
importância pode ser percebida ao fazermos a comparação com a classe médica.
Por exemplo, existem 50 alunos na sala, destes 50% não levam a sério os estudos
e aí tem o exame de suficiência ou não, e o mesmo número estará na mesa de
cirurgia depois de formados e é você que estará lá para passar pelo processo. O
questionamento é, você quer estar nas mãos de qual profissional o avaliado ou
não?
Por
isso o grande objetivo do exame é fazer com que as pessoas estudem para valer e
se preocupem com a certeza de que no final do curso há uma avaliação, caso não
acerte 50% das questões não poderá exercer a profissão. Além disso, é mostrar à
sociedade a importância da profissão, que as escolas estão preocupadas em
oferecer uma grade curricular de acordo com o que ocorre no mundo e nossas
necessidades. Desta forma é necessária a existência de um alinhamento acadêmico
e profissional e que sejam oferecidos à sociedade profissionais qualificados. A
pessoa faz o exame de suficiência, é habilitada, faz o exame de registro
profissional, o Conselho faz a fiscalização e quem ganha é a sociedade. Com
isso até a categoria ganha com pessoas mais capacitadas, logo terá maior
remuneração. Um contador assinando uma responsabilidade técnica na nossa região
chega a ganhar R$ 10 mil.
Como
avalia o ensino nas faculdades da cidade?
Nós
somos privilegiados, pois a cidade tem a Unimar (Universidade de Marília) e
Univem que estão com bons conceitos. Por isso percebemos a existência da
preocupação de oferecer preparação ao profissional para o mercado, isto é muito
bom para marketing das instituições e para nós que somos os primeiros a dar a
oportunidade ao recém-formado. Por ano são formados cerca de 120 alunos entre
bacharéis e técnicos.
Seriam
necessárias mudanças no Código Tributário do país? Como avalia a tecnologia
neste setor?
Para
nós é necessária uma atualização constante, tem o lado bom, pois com a
exigência nos transformamos em profissionais cada vez mais escassos, pois nem
todos querem se aventurar ou ingressar na profissão. Isto porque tudo que nós
fazemos gera uma corresponsabilidade, é uma das poucas profissões em que se o
empresário for surpreendido em uma ação fiscal e ficar caracterizada uma
sonegação com o contador com participação do planejamento, todo o patrimônio
dele também é disponibilizado.
Se
você tem uma equipe de colaboradores e esta deixa de fazer determinada ação
existirá uma penalidade. Desta forma este emaranhado de obrigações como apurar
e pagar o imposto e a acessória de repassar as informações para o governo geram
certas dificuldades como prazo para que as empresas se organizem e se preparem
e para que as organizações formem estes profissionais em tempo hábil, na velocidade
exigida pelo governo.
Uma
modificação bastante grande é que a fiscalização está mais próxima da empresa,
pois tudo é monitorado eletronicamente. Por isso nós contadores temos de nos
capacitar para que o nosso cliente faça a informação correta na fonte. Desta
forma foi quebrado um grande paradigma. Antes o escritório trabalhava depois
que a empresa comprava e vendia e apresentava ao escritório para que fosse
feito o registro, desta forma fazíamos a marcação, apurávamos os impostos e
informávamos o fisco, era este o caminho. Atualmente é emitida uma nota fiscal
eletrônica, isto quer dizer que todas as primícias tributárias já foram informadas,
quando chega para os escritórios o fisco já tem uma expectativa de quanto se
vai arrecadar e como isso será feito. Principalmente com os sistemas de
escrituração digital em que a empresa informa ao governo quanto comprou e
vendeu de cada produto, qual a carga tributária e regime de apuração escolhido.
Existem alguns estudos que mostram que a norma tributária se modifica a cada 47
minutos.
Paralelo
a isso existe um descontentamento geral em não ver o dinheiro retornar em
melhorias, pois as empresas sempre relatam que pagam e se precisam de uma boa
estrada têm de desembolsar novamente com pedágio, assim também na área da saúde
e educação. Por isso dizemos que as Secretarias da Fazenda merecem os
cumprimentos, pois fazem o serviço corretamente, mas nós estamos com problemas
nos gastos destes valores arrecadados, pois quando não pagamos somos
cobrados.
Fonte:
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